Diante de uma polêmica atual, o Dr. Carlos Goes Nogales,
cirurgião-dentista e presidente da Câmara Técnica de Ozonioterapia no Conselho
Regional de Odontologia de São Paulo esclarece a respeito do uso dessa técnica
na odontologia:
A descoberta de novas técnicas e substâncias que possam auxiliar na cura
ou no tratamento das mais diversas enfermidades é uma busca constante da
medicina e da odontologia. No entanto, há um longo caminho a ser percorrido até
que as inovações possam ser aplicadas nos pacientes. São necessários testes e
pesquisas para verificar sua eficácia, possíveis efeitos colaterais e o risco
de eventuais danos. A ozonioterapia, método que utiliza uma mistura gasosa de
ozônio e oxigênio para fins terapêuticos, é uma dessas descobertas, e tem se
provado bastante eficiente na odontologia. As primeiras publicações acerca de
seu uso surgiram em 1934, com o cirurgião-dentista Edward Fisch.
No entanto, foi somente no início dos anos 2000 que a técnica passou a
ser opção terapêutica na recuperação dos pacientes. Uma das razões é que entre
as suas principais características está a biocompatibilidade: a capacidade de
um material ou substância de ser compatível com tecidos vivos.
Vários trabalhos científicos sobre a técnica, nas mais diversas áreas da
odontologia, têm mostrado que ela é uma coadjuvante terapêutica eficaz e capaz
de proporcionar melhor qualidade de vida aos pacientes.
Como ela funciona?
Com alto poder oxidativo e ação antimicrobiana, a ozonioterapia pode ser
utilizada em diversos contextos: de coadjuvante no tratamento da doença
periodontal até no suporte da disfunção da articulação temporomandibular. Os
estudos mostram que o ozônio é efetivo contra os microorganismos da cárie e
reduz a sensibilidade pós-cirúrgica. A técnica também é empregada no tratamento
de quadros inflamatórios e infecciosos, como auxiliar no processo de reparo dos
tecidos e em casos de necrose óssea nos maxilares.
O gás é a forma mais conhecida de aplicação da ozonioterapia, mas a
substância também pode ser administrada em meio a água e óleo. O uso da água
ozonizada e do gás acelera a cura da infecção relacionada ao tratamento de
canal, assim como é eficaz no combate a fungos que podem se aderir às próteses
e dentaduras.
Já a formulação do óleo traz bons resultados no tratamento de problemas
de base inflamatória e no controle de feridas ocasionadas pelo herpes, por
exemplo.
O ozônio pelo mundo:
O Brasil é o quinto país com a maior produção científica relacionada à
ozonioterapia. Estamos falando da realização de estudos laboratoriais e testes
clínicos randomizados (quando os grupos recrutados para o experimento são
escolhidos de forma aleatória). Outros países, como Alemanha, Itália, Espanha e
Cuba investem não somente em pesquisas, mas também já empregam o ozônio
corriqueiramente em seus sistemas de saúde.
A técnica é considerada absolutamente segura. De acordo com a Associação
Alemã de Ozonioterapia, a incidência de efeito colateral é de 0,0007%, enquanto
terapias com o uso do ácido acetilsalicílico, por exemplo, chegam ao percentual
de 0,2%. É importante destacar que a eficácia esperada somente será possível
quando a técnica for empregada de acordo os protocolos estabelecidos
mundialmente.
A ozonioterapia é oficializada em 14 diferentes países. No Brasil, é
reconhecida pelo Conselho Federal de Odontologia desde 2015. No Instituto Noble
Odontologia, todas as cirurgias e os tratamentos endodônticos são irrigados e
lavados com água ozonizada, substância utilizada e comprovadamente eficaz até
mesmo na desinfecção e limpeza da clínica.